quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ser DOUTOR é...

Permitam-me inicialmente fazer um resgate pessoal de minha formação acadêmica antes de respondermos à questão acima. Como graduado em Química Licenciatura pela UFMA comecei a atuar profissionalmente no ensino médio junto às escolas da rede particular e pública da cidade de São Luís/MA. A ênfase deste trabalho pedagógico era, tão-somente, voltada para a preparação dos alunos aos exames vestibulares, centrado na transmissão e memorização de conceitos, fórmulas de equações matemáticas, tabelas e gráficos diversos, regras e informações desconexas com a realidade social dos alunos, o que não lhes permitia uma reflexão acerca do porquê de tal aprendizagem, muito menos levava a uma contextualização destes ensinamentos com o meio em que partilhavam socialmente.

Ao participar de uma etapa de minha formação profissional das mais relevantes, e que foi a realização do Mestrado em Ensino de Ciências na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o desvelamento de uma prática pedagógica até então centrada num fazer pedagógico bastante arraigado num tecnicismo, pude vivenciar outras experiências pedagógicas que traziam em seu bojo questões como complexidade, interdisciplinaridade, transdiciplinaridade, reflexões acerca da interrelação entre ciência – tecnologia - sociedade - ambiente, com o sentimento de que era necessário e imperioso a promover uma desejável “revolução no ensino” em meu fazer pedagógico, como bem enfatizam Edgar Morin e Paulo Freire.

Foi a partir da adoção de uma prática interdisciplinar no ensino técnico de química, com a utilização de um tema gerador (produção do queijo de cabra), que começei a perceber na prática a interrelação que se podia estabelecer com as demais disciplinas do currículo escolar, onde se estabeleceram verdadeiras “pontes de ligação” entre as diversas ciências que partilhavam daquela experiência inédita, e que até então sequer as disciplinas se comunicavam. Era, portanto, um novo horizonte que se mostrava no ensino das ciências, em total ruptura a uma forma cartesiana de socializar o conhecimento químico.

Da experiência pregressa do mestrado, e ao adentrar no PPGECEM da UFPA, percebe-se que, neste exato momento, ser um DOUTORANDO, antes de qualquer outra pretensão, é conviver com uma ecleticidade de pensamentos advindos de formações múltiplas daqueles que assim como eu estão nesta nova empreitada, cujos movimentos a todos encantam e desencantam, à medida em que partilhamos de diferentes pontos de vista. Lembremos que "todo ponto de vista é a vista de um ponto".

Por tudo isto, ser um DOUTOR para mim, consiste na possibilidade de continuar na busca incansável pelo aprimoramento dos conhecimentos científicos até então apreendidos, com o intuito de melhorar a prática pedagógica e de pesquisador, de forma a melhor observar, compreender e intervir na realidade a qual me encontro inserido, analisando-a como parte de um contexto social, cultural, ambiental, científico e tecnológico. É estar a serviço da sociedade como um agente de mudanças, sendo desafiado científica e academicamente em cada momento de minha vida doutoral.

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