EDGAR MORIN, francês, nascido em 1921, filho de pais judeus, autoentitula-se como "contrabandista de saberes" e "artesão sem patente registrada", sendo considerado um "divisor de águas" na história do conhecimento científico do século XXI, da mesma forma que Descartes o foi no século XVII, quando inaugurou os fundamentos da ciência moderna. Autor de mais de 50 obras, é em "O Método" (dividido em 5 partes, recheadas de ira, afetos, perplexidades e incertezas) que começa a delinear os fundamentos de uma "Ciência da Complexidade", inspirado pelos escritos de Bachelard e Prigogine, um dos principais predecessores da utilização de tais pensamentos (complexos), e que se baseia numa abordagem transdisciplinar dos fenômenos. Tem como princípios basilares de sua vida a INCERTEZA e a PERPLEXIDADE que permeiam o conhecimento científico e o quotidiano da vida das pessoas. Para Morin, a REFORMA DO PENSAMENTO só é possível a partir de uma "ciência nova", cuja reforma consiste em "por vida nas idéias e as idéias na vida". A verdadeira revolução no ensino acontecerá por intermédio da "religação dos saberes disjuntos" em face da fragmentação e da superespecialização que marcaram as bases da ciência moderna.
Edgar Nahoun, que mais tarde passou a se chamar de Edgar Morin, nasceu em 8 de julho de 1921, e até hoje tem dificuldades de dizer a sua origem (Grego, Turco ou Espanhol), o que facilita sua atitude transdisciplinar.
Licenciado em História, Geografia e Direito.
Auto-entitula-se como um “contrabandista de saberes” ou “artesão sem patente registrada”.
Transita livremente entre as ciências da vida, do mundo físico e do homem.
Pretende rejuntar o que o pensamento fragmentado da superespecialização disciplinar fraturou. É a religação dos saberes disjuntos.
Tem por obsessão a reforma do pensamento, que ocorrerá mediante o surgimento de uma “ciência nova” traduzida em seus manuscritos a partir de 1970.
Afirma que “a totalidade é a não-verdade” e que a complexidade é movida pela dinâmica da “incompletude”.
Sem abrir mão da disciplina intelectual e do rigor, Edgar Morin tem por princípios a hipótese do inacabamento da cultura, do sujeito, das idéias e do conhecimento.
Suas idéias são discutidas em obras abertas como Sociologia, Antropologia, Política, Educação, Cultura, escritos de conjuntura, livros sócioautobiográficos, romances, cinema, imaginário e cultura de massa.
Faz uma crítica incisiva contra a “burocratização do saber” e a “alta cretinização” que compromete a ciência.
É um pensador que abriu mão dos confortáveis limites disciplinares para fazer dialogar os conhecimentos, como condição sine qua non para enfrentamento dos desafios deste século.
Considerado como sendo um “humanista sem fronteiras”, no qual só pode haver “ciência com consciência”.
Acredita na “reforma da universidade e do ensino fundamental” ao tempo em que expõe as suas incertezas.
Lança as suas bases de pensamento em uma ética planetária que se inicia na ética individual (auto-ética).
Para Morin, o pensamento é “um combate com e contra as palavras”.
Enfatiza o “sujeito cognoscente” e sua relação com as experiências que o constrói.
De forma recorrente em todos os seus escritos, Morin sublinha as armadilhas do processo de percepção e decodificação do mundo, da informação e dos fenômenos.
Gaston Bachelard (1884-1962) é o autor que usa pela primeira vez a expressão “complexidade” em sua obra “O novo espírito científico”.
A complexidade se constrói à medida em que começam a se dissolver os “quatro pilares da certeza” em que se assentava a ciência clássica. Os pilares são: ordem; o princípio da separabilidade; o princípio da redução; e a lógica indutiva-dedutiva-identitária.
Os quatro pilares são sacudidos pela desordem, pela não-separabilidade, pela não-redutibilidade e pela incerteza lógica, que surgem em face dos avanços ocorridos nas ciências (século XX).
Acredita que uma sociedade mais justa e igualitária somente será possível por meio de uma nova e complexa compreensão do mundo.
Aposta nos contextos educacionais (educação para a complexidade) como investimento prioritário para a “Reforma do Pensamento e da Educação” nas obras: “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, “A cabeça bem-feita” e “A religação dos saberes”.
Vê o mundo como um todo indissociável e propõe uma abordagem multidisciplinar e multirreferenciada para a construção do conhecimento.
A proposta da complexidade é a abordagem transdisciplinar dos fenômenos, e a mudança de paradigma, abandonando o reducionismos que tem pautado a investigação científica em todos os campos, dando lugar à criatividade e ao caos.
Distinção, união e incerteza são palavras essenciais da teoria da COMPLEXIDADE.
Princípio da Simplificação = separar e reunir ; Princípio da Complexidade = reunir e distinguir. O pensamento que separa tem que ser complementado pelo pensamento que une.
Tetragrama de MORIN (Complexidade) = ORDEM + DESORDEM + INTERAÇÃO + ORGANIZAÇÃO.
Teoria dos Sistemas afirma que “o todo é, ao mesmo tempo, maior ou menor que a soma das partes”.
Princípio Hologramático afirma que “o todo está nas partes e as partes estão no todo”
Ressaltamos a existência do “Grupo de Estudos da Complexidade - GRECOM” na UFRN, e que se destina ao estudo das idéias de Morin e de outros pensadores da complexidade. Edgar Morin visitou nos anos de 1998, 1999 e 2003, recebendo o título de Doutor Honoris Causa.
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